… e esta aqui é a sua caixa de entrada! Se você clicar neste box, vão aparecer todas as funcionalidades, está vendo? Esse primeiro ícone é para arquivar, o segundo é para excluir, no terceiro você pode marcar como não lido – se quiser lembrar de ler depois, é bom, não é? Também pode criar marcadores, isso ajuda muito a organizar por tema…
Parabéns! Você conhece muito bem o software que está demonstrando!
Mas e o seu prospect. Tá lembrado dele? Não, né?
No terceiro minuto ouvindo você falar ele já estava assim:
Pode apostar.
Já deve ter acontecido com você. Naquele dia que estava usando um software – vamos chutar o Excel – e esqueceu como fazer uma fórmula. Precisava resolver rápido. Achou um tutorial no Youtube e o cara ficava explicando…
cada
mísero
detalhe
Você procurou outro, não foi?
A verdade é dura e precisa ser encarada o quanto antes: ninguém está nem aí para as funcionalidades do seu SaaS. Ninguém tem saco para ver o que tem em cada aba, para que servem todos aqueles botões… ZzZzzZzz.
Além do mais, não são elas que vão convencer seu prospect a comprar seu software – e muito menos se tornar um cliente fiel. Funcionalidades não são exclusivas. Qualquer um pode desenvolver uma igualzinha no mês que vem. Então, guarde isso: o que você deve vender é sucesso.
Sucesso? Como é que é?
Vamos entender que papo é esse.
Demonstração não serve para apresentar funcionalidades?
Não.
Ou melhor: não apenas.
É um erro comum focar nas funcionalidades. Depois de ficar o diagnóstico inteiro ouvindo os problemas do prospect, você está louco para falar do software – e é quase irresistível fazer isso. A demonstração é vista como o momento que o vendedor sobe no palco para dar um show e conquistar o prospect.
Mas é justamente este o perigo: esquecer que, em vendas consultivas, a atenção deve estar sempre no prospect, em entregar valor. Quando isso acontece, o deal escorre pelas mãos. Afinal, que interesse ele tem em passar uma hora inteira ouvindo você falar de todas as coisas incríveis que o software é capaz de fazer?
Por acaso você já parou para se colocar no lugar dele?
Imagine-se, então, assistindo às sua própria demonstração. Aí responda:
Como você se sente? Fica animado? Ansioso para usar a ferramenta logo?
Fica claro como esse monte de funcionalidades vai resolver seu problema?
Você se sente disposto a investir nesse software?
Enxerga um futuro melhor a partir do que ele possibilita?
A resposta foi “não”?
Então é porque algo está errado!
No Casts for Closers que gravamos com o Jim Keenan, do A Sales Guy, ele faz uma comparação ótima: a demonstração é como o provador de roupas.
Os vendedores de roupa não perdem muito tempo explicando todas as características delas. Eles vão logo dizendo “prova, vê como ela fica”. Você quer ver como o produto fica no seu corpo, e não de uma forma genérica no manequim.
A lógica é a mesma: seu prospect precisa se enxergar usando o software, ver como se encaixa no dia a dia dele, como tudo vai ficar melhor quando ele estiver usando a ferramenta.
É por isso que o foco não está nas funcionalidades, mas na inteligência por trás delas, nos benefícios que proporcionam. Gostamos de pensar que toda demonstração é também um diagnóstico. O segredo está em:
Apresentar o software considerando o contexto do prospect;
Mostrar apenas as funcionalidades que vão ajudar a alcançar o objetivo desejado. Explicar como ir do ponto A (cenário atual, cheio de problemas) para o cenário B (estado futuro, com as melhorias);
Aguçar a imaginação do prospect. Fazer ele se enxergar utilizando o software.
Criar um estado de otimismo.
Para conseguir isso, é preciso se preparar muito bem e desenhar um roteiro personalizado. A seguir, vamos ver qual é a cara de uma demo exemplar.
Coloque as funcionalidades no devido lugar!
Ok, então se o foco não deve estar nas funcionalidades, como conduzir uma demonstração de sucesso? O Gong.io analisou 67,149 sales demos e nos ajudou a ter uma ideia do que funciona melhor. O resultado do estudo mostra que boas demonstrações:
São um espelho do diagnóstico
As demonstrações que terminam em vendas costumam ser um reflexo do que foi discutido durante o diagnóstico.
Faz sentido. Um processo de vendas bem feito está totalmente interligado. De que adianta qualificar, identificar problemas, prioridades e objetivos durante o diagnóstico para depois perder o fio da meada?
A forma mais inteligente de utilizar as informações coletadas durante o diagnóstico é priorizando o que é mais importante. Ou seja: se você ficou 50% do tempo falando do assunto X, comece a demo tratando dele. Depois, vá abordando os outros tópicos. Veja o exemplo da figura a seguir:
Têm uma estrutura lógica
O pior tipo de demonstração é aquele no qual o vendedor segue a intuição. Ele conhece tão bem o software que não precisa se preparar. Vai mostrando as funcionalidades, indo a fundo naquela que é extraordinária, sentindo o interesse do prospect e matando as curiosidades.
É claro que isso é um desastre. Acaba que as informações ficam dispersas e, no fim, o prospect fica confuso, não tem clareza do que foi abordado e como aquilo vai servir.
Uma demonstração bem sucedida segue uma estrutura lógica, planejada, que ajuda o prospect a ver sentido no serviço. Olha o exemplo:
O que aprendemos com isso?
Fazer um diagnóstico excelente e anotar os tópicos mais discutidos é essencial. Uma boa ideia é confirmar no e-mail de follow-up qual será o tópico abordado na demonstração. Algo como “concordamos que resolver isso é uma prioridade, então na próxima conversa vou te mostrar como o software pode te ajudar nisso”.
Não dá para padronizar a demonstração. É preciso personalizar e planejar como você irá conduzir a abordagem para cada prospect. Para ajudá-lo a absorver as informações e visualizar como o software será útil, faça um mapa lógico e organizado.
É mais inteligente selecionar apenas as funcionalidades mais relevantes para o prospect, em vez de falar de absolutamente tudo. A apresentação deve começar pelos problemas/prioridades/objetivos mais importantes e ir para os menos importantes. Nada de deixar o melhor para o final! 😉
6 passos para fazer uma demo de sucesso
1. Estabeleça o objetivo
Somos insistentes nisso: toda e qualquer reunião de vendas deve ter um objetivo muito bem definido. Só desta forma é possível identificar avanços, validar gatilhos de passagem e controlar o andamento do deal pelo pipeline.
O objetivo de uma demonstração vai depender de como o seu processo de vendas está desenhado, mas ela geralmente é o passo anterior ao fechamento. Considerando isso, o objetivo pode ser “confirmar que o prospect acredita que nossa solução é a opção certa para ele” e “definir a timeline de contratação”.
2. Ajuste a mentalidade
Troque a mentalidade do fracasso: “Vou aproveitar todos os minutos dessa call para mostrar o máximo de funcionalidades possível”
Pela do sucesso: “Vou mostrar para o prospect que é hora de testar algo novo e apostar no futuro!”
3. Comece com um contrato prévio
Agradeça pelo tempo que o prospect está dedicando à reunião. Então, comece a demonstração explicando o que vai acontecer, o que vocês irão conversar. Um exemplo: “Fulano, primeiro vou começar revendo os pontos que nós conversamos para garantir que estamos alinhados. Depois vou te mostrar como nossa solução vai te ajudar a ir de X para Y. No fim, temos duas saídas: ou você me diz que sim, ou que não. O que você acha?”
Assim, você já orienta o papo e deixa claro qual será o roteiro. Desta forma, o prospect fica preparado. Uma coisa legal é dar abertura para ele tirar dúvidas.
4. Revise o que vocês já discutiram
Lembra que falamos que toda demonstração é também um diagnóstico? Antes de começar a apresentar as funcionalidades, faça uma pequena revisão dos problemas, desafios e prioridades – um GPCT rápido para poder seguir adiante com segurança.
Aproveite também para cobrir possíveis buracos e dúvidas que ficaram para trás no diagnóstico. Dessa forma, você já traz o contexto para a demonstração. Esse também é o momento de confirmar se o roteiro que você planejou para a demonstração é válido.
5. Apresente os benefícios e não apenas as funcionalidades
Hora de fazer a demonstração!
Passe pelas funcionalidades que você selecionou, demonstrando como elas irão solucionar o problema do prospect e fazendo ele visualizar, se imaginar utilizando a ferramenta.
Algumas perguntas abertas que você pode fazer para envolver o prospect na demonstração e ajudar ele a perceber o valor das funcionalidades:
“Como você acredita que isso vai te ajudar?”
“Como você imagina que seu processo X seria se você pudesse fazer isso?”
“Como isso que você acabou de ver se compara com o seu processo atual?”
“Como isso te ajudaria hoje?”
“Você acredita que isso que te mostrei ajudaria você a alcançar o objetivo de X até o final do Q1?“
6. Mantenha o clima positivo
Durante a call de diagnóstico, o clima fica meio ruim. Você explora problemas, toca nas feridas e expõe tudo o que está errado.
Na demonstração, a ideia é conseguir o oposto!
O clima deve ser super positivo. Afinal você está trazendo a solução para os problemas, e ele está no caminho para o sucesso!
Isso não é BEM melhor do que aquela horinha da soneca vendo toooodas as funcionalidades?! Pois é. Agora, se você quer ver como conduzir todo o processo de vendas – da prospecção ao fechamento – como um mestre, inscreva-se na nossa certificação!
Diego Cordovez
Co-fundador da Meetime
Diego Cordovez é Engenheiro Mecânico, sócio e diretor da Meetime. É responsável pelo maior mapeamento sobre este assunto no Brasil, a pesquisa Inside Sales Benchmark Brasil, e há 4 anos apresentador do podcast Casts for Closers, eleito em 2019 o melhor podcast de Vendas do Brasil, pela Vendas B2B Awards.