Não há dúvidas de que uma das etapas mais importantes na gestão econômica de uma empresa é a análise dos índices financeiros. Eles fornecem ao administrador informações essenciais para acompanhar indicadores de lucratividade da organização em qualquer momento.
Dessa forma, é possível tomar as decisões gerenciais necessárias, ajustando desvios que estejam prejudicando o desempenho dos negócios, ou aproveitar as oportunidades destacadas pelos índices.
Neste artigo, utilizamos a regra de Pareto — que afirma que, para muitos eventos, aproximadamente 80% dos efeitos vêm de 20% das causas. Com isso, elencamos exemplos de indicadores financeiros fundamentais para gestão empresarial e que ao mesmo tempo são alguns dos mais simples de serem implantados.
E dizemos que são de fácil obtenção, pois podem ser obtidos facilmente por meio da análise do seu relatório de resultados e projeções, que provavelmente você possui na sua empresa, também chamado de DRE.
Os índices financeiros são as métricas utilizadas como referência para monitorar o desempenho econômico de um negócio. Eles também são conhecidos como KPIs (Key Performance Indicators), ou seja, indicadores-chave de performance da empresa e seus resultados.
Como o dinheiro é algo muito sério e essencial para as organizações, é fundamental ter dados confiáveis para analisar a situação do negócio, os investimentos que devem ou não ser feitos, entre outras decisões. Nesse sentido, os índices financeiros têm a função de guiar os empreendedores de uma forma que seja mais lucrativa.
E realizando a avaliação destes índices financeiros, certamente sua empresa estará tomando decisões gerenciais de forma muito mais adequada e segura, mantendo a boa saúde econômica e financeira do seu negócio.
7 exemplos de índices financeiros para a gestão empresarial
Veja na sequência quantas informações importantes para tomada de decisões você consegue com ajuda destes 5 exemplos de índices financeiros.
1. Ticket Médio
O ticket médio representa o valor médio de cada venda. Para calcular basta pegar o volume total de faturamento e dividir pelo volume de vendas fechadas:
Ticket Médio = Faturamento / Vendas
O ticket médio é muito importante, pois ajuda a entender melhor seu negócio e descobrir se sua empresa está vendendo itens de maior ou menor valor e descobrir, por exemplo, se deve focar sua estratégia mais na quantidade (caso o carro chefe seja itens de baixo valor) ou na qualidade (se os produtos que mais saem forem de preços mais altos).
Dica: faça a análise do ticket médio em sua empresa também por cliente e por vendedor. Assim você vai ficar sabendo quais são os seus clientes mais (e menos) lucrativos, e quem são os melhores (e piores) vendedores de sua equipe.
Desta forma, seu negócio pode segmentar os clientes e passar a oferecer um atendimento diferenciado, além de poder recompensar os vendedores com melhor desempenho.
Para saber mais ainda sobre este exemplo de indicador financeiro, ouça esse podcast sobre a importância desse indicador em vendas.
2. Margem de Contribuição
Outro dos exemplos de índices financeiros que é fácil de obter, mas que muitos negligenciam em sua operação é a Margem de Contribuição (MC). Ela representa o quanto o lucro da venda de cada produto contribuirá para a empresa cobrir todos os seus custos e despesas fixas, chamados de custo de estrutura, e ainda gerar lucro.
Para encontrar a Margem de Contribuição, basta fazer a seguinte conta:
Conhecer a Margem de Contribuição que as vendas proporcionam é fundamental para o planejamento de qualquer empresa e essencial para poder tomar decisões relacionadas a investimentos e expansão. Se a MC não for boa o suficiente, a empresa pode estar vendendo bastante e mesmo assim tendo prejuízo.
Dica: alguns itens como comissões sobre vendas ou fretes podem ter grande impacto sobre a MC. Conseguir negociar melhores percentuais pode gerar grande aumento na MC de sua empresa, mesmo que às vezes o percentual pareça pouco.
3. Ponto de Equilíbrio
Também chamado de Ponto Crítico de Vendas ou Break-Even-Point, o Ponto de Equilíbrio é o montante mínimo necessário de vendas ou serviços prestados para cobrir todos os custos e despesas da empresa e não ter prejuízo. Portanto, o ponto de equilíbrio é quando as vendas igualam-se aos custos e despesas totais, não gerando nem lucro e nem prejuízo.
Para calculá-lo, basta somar as despesas fixas mais as despesas financeiras e dividir pela porcentagem da margem de contribuição.
Ponto de Equilíbrio = Custos e Despesas Fixas / Índice da Margem de Contribuição
O cálculo do Ponto de Equilíbrio auxilia a saber exatamente qual o mínimo que precisará vender para não dar prejuízo e não há como definir metas de vendas relevantes sem conhecê-lo. Seu cálculo é extremamente importante antes de se iniciar uma empresa, para saber o mínimo que a organização precisa faturar para ser viável.
Mas também é fundamental em uma empresa já existente, que se defina as metas mínimas de vendas para que a empresa possa gerar lucro e crescer.
O ponto de equilíbrio é um dos exemplos de índices financeiros mais importantes para saber se seu negócio está indo bem. O ideal é usar um gráfico para ter a exata noção do ponto a partir do qual seu montante de vendas está “pagando” a operação.
4. Lucratividade (%)
Este índice financeiro demonstra o poder de ganho da empresa comparando o seu lucro líquido com relação ao seu faturamento total (que pode ser o total de vendas, de serviços ou ambos), ou seja, qual o ganho que a empresa consegue gerar sobre o trabalho que ela desenvolve.
O indicador nos responde se o negócio está justificando ou não a operação, isto é, se as vendas são suficientes para pagar os custos de aquisição e despesas e ainda gerar lucro. Além disso, como a lucratividade é dada em percentual, torna-se bastante útil para a comparação de empresas, mesmo de tamanhos ou setores distintos, sendo muito usado por investidores e bancos para análise de financiamentos.
5. EBITDA
Otermo EBITDA é o acrônimo em inglês para Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization, ou seja, a sigla por si só, já ajuda bastante a explicar a função do indicador. E fica ainda mais simples se traduzirmos literalmente para português, obtendo o termo LAJIDA, que significa Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização.
O cálculo do EBITDA já está em seu próprio nome, mas utilizando uma fórmula teríamos:
O EBITDA é um indicador que possibilita que seja analisado não apenas o resultado final da organização, e sim o processo de geração de valor com um todo. Até por isto, é um indicador bastante utilizado no mercado de ações, pois possibilita a comparação direta de empresas, até mesmo de setores diferentes.
Com ele é possível avaliar o lucro referente apenas ao negócio, descontando qualquer ganho financeiro (como contratos derivativos, aluguéis ou outras rendas que a empresa possa ter gerado no período).
Cada indicador possui uma função específica de análise, com certas “vantagens” e “desvantagens” associadas a essa especialização. E no caso do EBITDA é importante frisar que ele pode dar uma falsa perspectiva sobre a liquidez efetiva da empresa, exatamente por não levar em consideração os possíveis empréstimos e financiamentos tomados para alavancar a operação.
6. Rentabilidade
Geralmente, as pessoas confundem rentabilidade com lucratividade, pois são índices financeiros muito semelhantes. Porém, há uma diferença bem importante:
a lucratividade representa o que a empresa ganhou em relação a tudo que recebeu;
a rentabilidade compara seus ganhos aos investimentos realizados no negócio.
Sendo assim, a segunda opção serve para identificar o quanto uma empresa é capaz de gerar retorno a partir do capital investido nela.uint Para calcular, podemos usar a fórmula:
Rentabilidade = Lucro líquido / Investimento x 100
O investimento não é limitado ao capital social. Ele abrange o que foi investido em máquinas, equipamentos e outros ativos que estejam ligados à produção.
7. ROI
O Retorno sobre Investimento (ROI) é uma métrica utilizada para identificar o quanto a empresa ganha em rendimentos financeiros a partir de qualquer investimento realizado.
É por meio dele que a empresa descobre qual foi o ganho (ou perda) obtido para cobrir os custos envolvidos na aplicação dos recursos e ainda ter retorno financeiro (caso ele exista).
A fórmula é uma das mais conhecidas do mundo corporativo:
ROI = (Ganho obtido – Valor do investimento) / Valor do investimento x 100
Você pode fazer esse cálculo para medir o retorno do valor investido em produtos, serviços, campanhas, treinamentos e qualquer atividade da empresa.
Além disso, o ROI é um parâmetro importante para comparar seu retorno com o de outras empresas do mesmo segmento.
Todos esses exemplos de índices financeiros são muito úteis não somente na gestão da própria empresa, mas também para a obtenção de financiamentos. Os bancos, em geral, analisam a capacidade da organização de arcar com os encargos de uma eventual dívida através desses mesmos indicadores.
Aliás, a análise de índices financeiros também pode ser usada para fornecer informações consistentes para convencer os sócios existentes, ou potenciais, de que é um bom negócio investir mais dinheiro na empresa.
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Texto escrito por Gilles B. de Paula, da empresa Treasy e atualizado pela equipe Meetime.
Diego Cordovez é Engenheiro Mecânico, sócio e diretor da Meetime. É responsável pelo maior mapeamento sobre este assunto no Brasil, a pesquisa Inside Sales Benchmark Brasil, e há 4 anos apresentador do podcast Casts for Closers, eleito em 2019 o melhor podcast de Vendas do Brasil, pela Vendas B2B Awards.