Buscando responder a essa pergunta, pesquisamos a maioria das fontes referentes ao assunto em português e inglês. Depois de muita leitura (onde várias se contradiziam), convergimos para uma resposta clara e abrangente:
Empreendedorismo social é o processo de encontrar soluções inovadoras para problemas sociais, podendo ou não extrair lucros das soluções encontradas, porém buscando resolver os problemas de maneira sustentável.
Apesar de simples, essa definição traz 3 conceitos importantes que ajudam a determinar com exatidão o que é empreendedorismo social:
1)Soluções inovadoras para problemas sociais: encontram formas engenhosas de resolver dilemas da sociedade, da mesma forma que empresas buscam formas engenhosas de extrair lucro de suas operações.
2) Pode ou não extrair lucros: um empreendimento social pode ou não perseguir, além do bem estar social, a lucratividade.
3)Resolver os problemas de maneira sustentável: buscam resolver um problema de maneira definitiva, com uma solução que possa ser aplicada ao longo do tempo, e não uma ação pontual.
Tendo isso em mente, podemos conhecer os principais setores onde empreendimentos sociais atuam e seus modelos organizacionais.
Modelos organizacionais para empreendedorismo social
Como descrevemos anteriormente, um empreendimento social pode ou não perseguir lucros enquanto busca resolver um problema da sociedade, e existem três modelos que geralmente caracterizam um desses empreendimentos:
1)Empreendimentos sem fins lucrativos: o empreendedor cria uma organização sem fins lucrativos para impulsionar uma inovação que pode resolver um problema social. Esse tipo de organização depende continuamente de financiamento filantrópico, público ou privado, para sustentar sua operação e atingir seus benefícios.
2) Empreendimentos híbridos: é criada uma organização sem fins lucrativos, mas o modelo inclui algum grau de monetização, seja ela através da venda de um produto / serviço a instituições parceiras ou diretamente ao público alvo. Muitas vezes o empreendedor cria paralelamente uma entidade jurídica para coletar essa renda.
3) Empreendimentos sociais com fins lucrativos: o empreendedor cria uma organização com fins lucrativos, que irá fornecer um produto e serviço que pode resolver um problema da sociedade, ao mesmo tempo que busca manter uma operação lucrativa. Apesar de perseguir o lucro, o principal objetivo de um empreendimento social não é maximizar o retorno financeiro para os acionistas, mas maximizar o impacto que a solução vai ter sobre o problema social em questão.
Casos de sucesso
Bicicleta do Itaú: você provavelmente já viu as bicicletas do Banco Itaú circulando pelo Brasil. O modelo basicamente permite que por um custo anual muito baixo (cerca de R$ 10 / ano em algumas cidades) você possa ter acesso a bicicletas espalhadas por pontos estratégicos da cidade para se locomover, diminuindo assim o trânsito em grandes cidades e evitando a emissão de gases danosos ao meio ambiente.
Esse modelo já existe em diversos países da Europa e está fazendo muito sucesso no Brasil. Ele é constituído de uma organização híbrida, que também busca a lucratividade, porém tem grande parte de sua operação financiada pelo setor público e/ou privado.
Asid: a Asid é um empreendimento de Curitiba que tem como objetivo melhorar a gestão de escolas que atendem alunos especiais, conectando estas escolas com organizações de voluntariado, parceiros institucionais, etc.
Founderie 47: esse empreendimento foi lançado em 2009 por Peter Thum com o objetivo de tirar de circulação rifles AK-47 que eram resquícios da guerra civil que devastou países como Rwanda e Burundi. Essas armas se encontravam nas mãos de crianças que achavam rifles espalhados pelas ruas, e a Founderie 47 transformou estas armas em jóias e relógios de alta qualidade. Até o momento as vendas da Founderie 47 ajudaram a tirar mais de 35.000 rifles de circulação em antigas zonas de conflito.
Como posso saber mais?
Caso seu objetivo seja aprofundar-se em empreendedorismo social, recomendamos alguns livros e cursos sobre o tema:
Muitos empreendimentos sociais tem nobres missões, porém que dificilmente poderão ser replicadas, seja pela complexidade de recriar a operação ou outros problemas. Pense sempre se a inovação que você propõe para resolver um problema social pode ser rapidamente replicada para causar o maior impacto possível.
2)E se o financiamento parar?
Organizações sem fins lucrativos e híbridas tem essa preocupação constantemente, já que a falta de financiamento praticamente inviabiliza suas operações. Para evitar isso, é importante manter contato com diversas organizações públicas e privadas que podem atuar como suporte ao empreendimento, além de ter em mente formas de monetizar uma parte do produto / serviço disponibilizado.
Relatórios internacionais relatam que essa é a principal falha dos empreendimentos sociais: a dificuldade em definir objetivos e indicadores de sucesso claros para a organização. Lembre-se: se você não consegue responder se está tendo sucesso ou não, provavelmente não está.
Defina qual o impacto que sua organização quer atingir em determinado período de tempo, e acompanhe periodicamente se este objetivo está sendo alcançado.
Diego Cordovez
Co-fundador da Meetime
Diego Cordovez é Engenheiro Mecânico, sócio e diretor da Meetime. É responsável pelo maior mapeamento sobre este assunto no Brasil, a pesquisa Inside Sales Benchmark Brasil, e há 4 anos apresentador do podcast Casts for Closers, eleito em 2019 o melhor podcast de Vendas do Brasil, pela Vendas B2B Awards.