Antes de começar a escrever esse post, li diversos artigos sobre COO e o que me impressionou foi que grande parte deles coloca em xeque essa posição, alardeando a extinção desse cargo em um futuro próximo.
Se você não sabe o que é CCO, significa Chief Operating Officer e é uma espécie de segundo no comando, o cara que toca as operações, sob a orientação do CEO.
Pense o seguinte: na maioria das grandes empresas onde existe um COO, essa pessoa quase sempre é o sucessor natural do CEO para comandar a empresa. Por outro lado, em 2007 58% das 500 maiores empresas do Estados Unidos não tinham um COO.
Essa ideia me parece contraditória: em algumas organizações o COO é visto como o futuro líder, enquanto em outras ele é dispensável a ponto do cargo não existir.
Vamos entender melhor o motivo dessa divergência entre empresas (dando mais ênfase em startups), começando por definir o timing certo de encontrar um COO para Startup para compor a equipe.
Quando contratar um COO para Startup e qual seu papel no negócio?
É importante frisar que não é necessário um COO em startups nos primeiros 2 à 3 anos.
No início da empreitada é necessário colocar a mão na massa, ligar para toneladas de potenciais clientes, receber milhares de portas na cara e é importante que o próprio CEO faça isso.
É dele a responsabilidade de desenhar e implementar uma operação que funcione, e “terceirizar” isso para outra pessoa, afim de se dedicar a estratégia geral, no início de uma startup, é uma péssima decisão.
Quando a operação (vendas + marketing + financeiro) estiver rodando normalmente, mas crescendo de forma acelerada, e as demandas de Stakeholders externos, como investidores e parceiros, começar a crescer, chegou a hora de buscar um COO para a startup.
A falta de um Chefe de Operações nesse momento pode deixar o CEO sobrecarregado, fazendo com que ele negligencie tarefas importantes, internas e externas, e deixe de olhar e se preparar para os desafios de longo prazo que a empresa irá enfrentar.
E qual o papel do COO em uma startup? Ele tem que ser uma locomotiva
“Roubei” essa ideia do CEO da Treasy, um SaaS de gestão orçamentaria e cliente da Meetime, que em nossas conversas costuma usar essa analogia onde existem dois tipos de pessoas dentro das empresas: os vagões que tem sua função específica, e as locomotivas que são responsáveis por “puxar” todos os vagões e levar a empresa adiante.
Pessoas responsáveis pelo papel de locomotiva devem ter a capacidade de inspirar e motivar os demais funcionários, fazer com eles comprem a missão da empresa e superem seus limites para torna-la realidade.
E o responsável pela operação, o COO da startup, deve possuir essa capacidade!
Dessa forma, quando estiver entrevistando candidatos para a vaga de COO, se faça a seguinte pergunta: esse candidato pode ser uma locomotiva dentro da empresa?
Não importa o currículo dele, se a resposta for negativa, ele não serve para o trabalho.
Quais as qualidades indispensáveis a um COO de startup?
Um artigo de Harvard diz que existem 7 tipos de COO, que emergem a partir da necessidade de cada empresa.
Algumas organizações contratam um COO para complementar as habilidades do CEO, outras vezes o cargo é oferecido para um executivo que merece uma promoção e não pode ser perdido para um concorrente.
No caso de COO de startups, que tem como objetivo crescer com velocidade, ele deve possuir algumas habilidades específicas:
Respirar ESCALA:
Startups querem crescer exponencialmente, o que gera uma pressão por escala nas operações. Gerar muito resultado com o mínimo de recursos, e pensar como fazer isso não apenas uma vez, mas todo novo trimestre, é um desafio que poucos profissionais tem a capacidade de enfrentar.
Problem solver:
O fenômeno de “crescimento desordenado” é muito comum em startups, os negócios crescem mais rápido do que a empresa consegue se organizar internamente.
Por isso, ter uma pessoa que consegue prevenir e apagar incêndios de olho nas operações diárias é fundamental.
Líder natural:
Apesar de não ser o principal líder da empresa, na prática o COO da startup é responsável por supervisionar as operações no dia a dia, fazendo com que o CMO, CFO e demais gerentes tenham que se reportar a ele constantemente.
Caso ele não “conquiste” essas pessoas naturalmente, e tenha que usar o poder do cargo para fazer as coisas acontecerem, existe uma tendência dos diretores o ignorarem e buscar conversar diretamente com o CEO.
Liderar pelo exemplo e experiência é o melhor caminho para o chefe de operações.
COO + CEO: um casamento que tem que dar certo
Não pode haver uma batalha de egos ou desentendimentos constantes entre o CEO e o COO da startup.
Isso seria como ter um trem com duas locomotivas, uma puxando os vagões para o norte e a outra para o sul: o CEO normalmente ganharia a batalha porém o resultado seria um crescimento mais lento do que poderia ser se ambas as locomotivas estivessem alinhadas.
O engraçado sobre o cargo de COO em startups: tê-lo no início e nos primeiros passos da empresa é prejudicial, até o ponto em que ter alguém nesse posto é fundamental.
É tarefa do CEO perceber qual o momento certo de trazer um COO à bordo, e encontrar a pessoa certa para o trabalho!
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Diego Cordovez
Co-fundador da Meetime
Diego Cordovez é Engenheiro Mecânico, sócio e diretor da Meetime. É responsável pelo maior mapeamento sobre este assunto no Brasil, a pesquisa Inside Sales Benchmark Brasil, e há 4 anos apresentador do podcast Casts for Closers, eleito em 2019 o melhor podcast de Vendas do Brasil, pela Vendas B2B Awards.